segunda-feira, agosto 31, 2009

Meu querido mês de Agosto

Depois de o ter visto no grande ecrã e de, inutilmente, o procurar nos video-clubes e na net, chegou ao pequeno ecrã. Voltei a sentir o mesmo quase encantamento. A ruralidade genuína, por vezes mesmo boçal e autentica vista pelos olhos de um Lisboeta (?) sensível, e com os tics suburbanos que os caracterizam. E claro o mês de Agosto. Dos reencontros, do tempo, das paixões de fogo de palha, das noites em que não apetece dormir e claro, da música pimba. Talvez composta pelos suburbanos com a parte primitiva e campesina que não deixam de transportar.
Talvez seja mais fácil gostar que entender e explicar este país.

quarta-feira, agosto 26, 2009

Volatilização

As mudanças de estado sempre me fascinaram. Do estado físico, lento e previsível, mas sobretudo dos estados de alma, mais rápidas na aparência.
Com a facilidade que o caçador se torna caça! Ou se não quisermos ser radicais, de como o caçador se torna um guardião atento das espécies que antes perseguia. E onde antes havia conhecimento mutuo e defensivo passa agora a haver cumplicidade e confiança. No mesmo espaço onde antes se defrontavam e desfrutavam muda-se para a protecção e a ternura.
Mudança de estado de alma. Sublimação em sentido físico, passagem directa de sólido a volátil.

terça-feira, agosto 25, 2009

A última

Dizia David Lodge num dos livros da sua época áurea, creio que na "Terapia", que nada há de pior que ser a/o último/a. Mas o último cigarro sabia-se quando foi ou será. Assim como o último dia de trabalho. A última página de um livro (actualmente diria o ultimo suspiro da pilha do aparelho auditivo). Tem hora, tem dia.
A diferença era enorme, acrescentava, em relação á actividade sexual. Nunca se podia dizer que esta seria a última porque nunca se sabia.Tinha-se sempre a esperança que não fosse, quer antes quer depois.

Tristemente esta dicotomia não se pode aplicar aos livros dele. Tive eu a esperança que o "thinkings" não fosse o último. Agora acho que é pena que não tivesse sido.

sábado, agosto 22, 2009

Soit pas fachée

Soit pas fachée…

De manhã bem cedo acordei tranquilo e lúcido com a letra desta canção esvoaçando longinquamente como espuma no meu cérebro. Fragmento a fragmento ia compondo dentro de mim uma ideia, um desejo, quase uma justificação. Como um ligeiro e breve raio de luz que ia iluminando, numa sequencia aparentemente ilógica, recantos perdidos das minhas memórias, dos meus sentimentos, do meu prazer e da minha dor. Da minha vida.

… si je te chante les souvenirs …

As vezes que contei esses souvenirs…os pormenores que descrevi… as composições e acrescentos com que os poli. A falsa modéstia em que tentei envolve-los…

… ces amourettes insignifiants on preparé un grand amour...

Com que intenções que os contei… A demonstração misógena e primitiva..a máscara contra a a insegurança…a preparação do caminho de regresso… a tentativa inábil de subir um patamar a cada relação, como se todo o passado fosse terreno conquistado na evolução para aquilo que não sabia procurar.

…car tu serás ma derniére chanson…

Assim acreditava, como se na vida e no amor pudesse haver primeiro e último. .. Nunca e sempre…Agora e depois… Como se fosse algo que existisse de material, de físico ou mesmo de humano. E não apenas a tal espuma saltitante e raio de luz aleatório e incerto…e fugaz…e imprevisível.

Pouco a pouco como se comandada por irreal disc jockey a melodia foi mudando embora a língua original se mantivesse

Les vieux ne revent plus…

Mas porque continuarão a contar? Serão as intenções travestidas agora de didatismo? Como se quisessem evitar erros e ensinar os percursos, as limitações, o fogo e as cinzas, não a eles próprios, mas á imagem actual dos seus antigos objectos de desejo?

O disck jockey perdeu agora a cabeça e entrou num medley sem rumo nem lógica.

…I wish I can tell
heaven from hell…


…you looked so self secure…
… when you look into de vacuum of his yes…

… what is a man
What does he got…
If not himself then he has naught…

…Ce soir je serais la plus belle
pour aller dancer…

… close you yes close the door
I”ll be your baby tonight…

…like the circles that you find…
In the windmills of your mind…

…ne me quite pas
Je vais plus parler..

…completely unknown
Like a ROLING STONE…

terça-feira, agosto 18, 2009

Os berços precisam de verniz?

Uma velha cama de grades veio, por puro acaso do destino, aterrar aqui em casa. Contou-me muitas historias da infância, de adormeceres serenos e despertares intensos. Evocou-me múltiplas imagens que presenciei através das sua grades, das figuras e dos objectos que na altura me rodeavam. Das histórias e dos sonhos que nela vivi. Da imaginação reconfortante que me povoava quando me abraçava á boneca de borracha que arduamente negociei com a minha irmã. Das próprias histórias da cama, de onde tinha vindo, a quem tinha servido na família. E o desejo súbito que um futuro neto partilhasse destas experiências.
O restaurador habitual das coisas velhas e provavelmente inúteis e a discussão do trabalho a fazer concluída com esta frase que registei:
- "Os berços antigos não precisam de verniz"

Por experiência própria e recente eu teria obrigação de saber...

sábado, agosto 15, 2009

Modern Times revisitado

Em casa depois da segunda visita aos Modern Times. Técnica irrepreensível. Mas a natureza não evoluiu. Os tecidos continuam a reagir com dor, atenuável, edema, parcialmente controlável, e com equimoses. Como após qualquer combate de pesos pesados... Haverá contudo e sempre uma segunda hipótese para o sorriso!