Em primeiro lugar gostaria de manifestar à família do Prof.
Keating os meus sentidos pêsames por esta dolorosa perda que também é a nossa.
Queria ainda de cumprimentar respeitosamente as autoridades
académicas presentes assim como os meus colegas docentes, investigadores e
funcionários desta Universidade. Uma Saudação especial nesta hora de tristeza,
mas também de gratas memórias, aos alunos.
Há alguns anos atrás, aquando da homenagem que prestamos ao
Prof K na altura da sua jubilação, com a fina ironia e modéstia que o
caracterizavam, quase escreveu o guião do que eu hoje poderia ou deveria dizer.
Vou ter em conta este seu desejo embora as recordações e as boas memórias se
possam aqui e ali intrometer.
Foi o Prof K um académico tranquilo e profundo. Que sabia
ouvir como ninguém e ponderar a resposta que saía certeira e altamente
motivadora mesmo que entre duas baforadas do inevitável cachimbo. Que corrigia
e incentivava enquanto ensinava.
Dizer que foi um modelo a seguir seria incorreto porque as
suas condições de cientista, médico e docente eram-lhe próprias, espontâneas e
inimitáveis.
Pertenceu a uma geração em que os valores de amizade,
lealdade e companheirismo não eram letra morta.
Ficará sempre indelevelmente ligado à Faculdade de Medicina
e ao seu Serviço de neurologia.
Se alguma referencia maior fosse necessária destacaria o seu
papel na implantação da cirurgia da epilepsia de que foi pioneiro e leader a
nível nacional. Na equipa que delineou, treinou e dirigiu. Desde primeiro
doente operado e a todos os que se lhe seguiram até ao dia de hoje. Nem os
doentes nem a equipa o podem esquecer.
Mas vão-me permitir que termine com uma última imagem. Da
sua figura imponente, cabelos brancos, postura de gentleman e filósofo, fazendo
jus ao seu nome, passeando por montes e vales com uma pequena mochila às costas
onde juntava objetos de uso mais prosaico ao inevitável livro. De pensamentos e
poemas.
Só desejo que onde quer que se encontre agora- e espero que
esteja no sítio em que acreditava e tinha fé em que iria estar- haja muitos
vales, montes e regatos. Livros, pensamentos e poesia. E que de lá continue a
transmitir-nos a sua mensagem de Paz.
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